terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Surpresas de um cotidiano insustentável.

A época de Natal e fim de ano ainda não chegou ao ponto de fazer as pessoas esquecerem o consumismo excessivo e toda sua estratégia vinculada a ele. No entanto, antes de tudo, quero deixar claro que adoro ganhar e entregar presentes. Acredito que o presente representa o carinho, a lembrança e a admiração por alguém. É bom agradar a quem se ama, claro que é! Mas vejam que sentimento de amor ao mundo que presenciei durante a semana natalina.
Desço do prédio onde moro e paro na portaria para cumprimentar os porteiros, o zelador e o síndico. Papo vai, papo vem, desejos de boas festas, e no fim da conversa uma descoberta. O síndico é gestor ambiental.  Que surpresa. Primeiro porque já tive alguns problemas em insistir para que o condomínio adotasse coleta seletiva, e, segundo por ter descoberto que o síndico é da área ambiental depois que comentei que os copos plásticos, de uso exclusivo dos porteiros, poderiam ser substituídos por canecas individuais.
Meu dia continua. Vou ao supermercado para as últimas compras de natal, aquelas que sempre faltam. Ao entrar no estacionamento a menina da portaria me entrega um cartão e um folheto. Como sei exatamente o que quero e tenho pressa nas compras, rejeito o folheto. E não é que ela faz cara de “monstro da tasmânia” com fome para mim? E o espírito de natal? É dada a ordem que todos entrem com estes folhetos para impulsionar as compras por estímulo. Eu entendo isso, mas eles deveriam entender que é minha opção rejeitar e assim contribuir com a economia dos elementos naturais.
E o dia segue. Na entrada de um bar/restaurante para encontrar uns amigos escuto de um jovem a seguinte frase: “Mas é só mais um. Tem tanto cigarro no chão que este não fará diferença. E Feliz Natal para vocês”.  Por pouco não parei para explicar a ela que mais um cigarro no chão faz sim toda a diferença e que para ter um bom natal e um bom mundo preciso da compreensão dela.
No início da noite chego ao meu bairro e antes de entrar em casa passo na farmácia. Já vinha com está dúvida há dias e resolvi perguntar. Quis saber se eles tinham alguma campanha para receber medicamentos vencidos para dar o destino final correto a eles. A surpresa? “Nós jogamos no vaso e damos descarga!”. Mas foi dito com ar natalino, sabem? Sorriso nos lábios, olhos brilhantes e juro que a mocinha ficou esperando eu responder: “Bom Natal para você também”. Claro que fiquei indignado e disse que aquilo é crime ambiental passivo de sanções civis ou implicações jurídicas. Exatamente como prevê nossa lei.
Durante o ano de 2011, voltarei com outro texto dizendo qual foi a resposta do departamento de marketing, atendimento ao consumidor, ou de gestão ambiental desta rede farmacêutica. É claro que vou tirar isso a limpo.
Saúde, qualidade de vida e meio ambiente são vertentes que andam juntas para obtermos êxito como sociedade. Percebam os detalhes, eles fazem toda a diferença.
Desejo a todos um excelente ano e que possamos sonhar novos sonhos!
Flávio Paschoal é consultor de marketing e ambientalista
Revisão: João Colosalle

Um comentário:

  1. Este texto é íncrivel.... As coisas são bem assim. Chega a ser cômico, mas é muito serio e necessita de muita atenção. Veja estes dias estou descendo pelo centro, ai vem duas moças, tomando coca, eis que uma vira e pergunta: " Latinha é reciclável ou orgânica?, com essa já quase morri, mas veja a próxima: A outra disse: " Sua burra é claro que é orgânico, tem um monte aki.....

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